top of page

Conheça Mais Nossa Língua

O RECORRENTE PROBLEMA DOS PORQUÊS​​​​​.
 

O uso dos porquês sempre volta à discussão. As dúvidas surgem quando devemos usar a forma separada (por que), a outra forma, unida (porque), e ambas com o acento a tiracolo (por quê e porquê).

Recordo-me da prova de concurso que trouxe a seguinte frase: "Que língua! Tantos quês...por quê?"

Na alternativa, coube ao concursando enfrentar o problema dos porquês além da acentuação no pronome que. O candidato deveria julgá-la e perceber que a frase estava totalmente correta, ainda que, eventualmente, perturbassem-no os acentos circunflexos (quês / quê) e a separação na forma "por quê".

A verdade é que o pronome "que" requer esforço do estudioso, tanto no plano da acentuação quanto na identificação da estrutura morfológica à qual pertence. Sem contar que essa palavrinha, aparentemente singela, provoca celeumas diversas, em virtude de suas múltiplas funções sintáticas.

Passemos ao detalhamento:

Na frase inicial "Que língua!", o termo sublinhado apresenta-se, morfologicamente, como pronome indefinido, ao se ligar a um substantivo em frase exclamativa. Exemplo: Que frio terrível! Nesse caso, presume-se que o concursando não teria sentido dificuldade na análise, haja vista a simples utilização do pronome na estrutura frástica.

Quanto à frase seguinte - "Tantos quês...por quê?" -, a história já começa a mudar de figura. Antes de enfrentarmos os detalhes da explicação, é oportuno lembrar um verso da letra da canção "Meu Bem Querer", de Djavan:

"Meu bem querer / Tem um quê de pecado..."

O termo em destaque aparece acentuado, pois se trata de substantivo. Da mesma forma que digo "um quê de pecado", poderia dizer "uma aparência de pecado". Nesse sentido, se afirmo que há "tantos elementos em algo", posso também assegurar que "há tantos quês em algo". Nesse caso, como monossílabo tônico e na condição de substantivo - singular ou plural -, receberá o acento circunflexo (quê e quês).

Aliás, a forma "quê", acentuada, poderá aparecer em várias outras situações:

(I) com a letra Q, deve ser escrita com acento. Exemplo: A palavra "queijo" deve ser escrita com a letra quê;

(II) quando se exprime sentimento ou emoção, por meio de uma interjeição. Exemplo: Quê! Você de novo!;

(III) quando se tratar de pronome indefinido pronunciado tonicamente, em frases interrogativas. Exemplos: O produto é feito de quê?; ou, ainda: Isso tem gosto de quê?;

(IV) com a expressão "um não sei quê". Exemplo: Em seu semblante, havia um não sei quê de irônico.

Prosseguindo na análise da frase proposta - "Tantos quês...por quê?" -, a forma "por quê", separada e com acento, ocorre em virtude da junção da preposição por com o pronome interrogativo que [por + que], equivalendo a "por qual motivo, por qual razão".

Nesse passo, diga-se que o fato de surgir no final da frase, imediatamente antes de um sinal de pontuação - ponto de interrogação, no caso -, torna tônico o termo, avocando-se-lhe o acento circunflexo [por + que (tônico) = por quê (sinal de pontuação)].

Pixinguinha e João de Barro, na emblemática canção "Carinhoso", brindaram-nos com elucidativo exemplo:

"Meu coração, não sei por quê, bate feliz quando te vê."

Observe que a forma por quê em epígrafe antecede a vírgula, o que lhe impõe o acento circunflexo, sem contar o fato de que pode ser facilmente substituída pela expressão "por qual motivo", justificando a separação da preposição daquele pronome.

Embora tenhamos resolvido as dúvidas em torno da frase apresentada, urge relembrarmos os outros "dois porquês" -, ambos não separados, só variando o acento (porque e porquê).

A forma porque, unida e sem acento, é uma conjunção, servindo para unir orações. Exemplos: Luto porque preciso; Cheguei cedo porque dormi pouco; entre outros.

Observe que é impossível tentarmos substituir a forma utilizada pelo macete "por qual motivo, por qual razão", hábil a detectar a ocorrência da estrutura "por que", separada. Perceba a incoerência:

(i) Luto [por qual motivo] preciso - (?)

(ii) Cheguei cedo [por qual motivo] dormi pouco - (?)

Assim, não nos parece algo complicado identificar a necessidade da conjunção nos períodos e, portanto, optar pela forma "porque", unida e sem acento.

Por último, frise-se que "porquê", assim grafado, é um substantivo, na acepção de "causa, motivo". Exemplos: Dê-me um porquê para seu atraso; Quero saber o porquê da discussão.

É bom afirmar que as discussões gramaticais em torno do assunto são bastante desafiadoras. Se quisermos apimentar o debate, poderemos trazer à colação, por exemplo, o problema da partícula expletiva. Observe a dúvida:

Qual a função da palavra "que" na seguinte frase:

"Que vida boa que você tem!"?

Aqui aparece a tal da partícula expletiva (ou de realce), ou seja, aquele termo que pode ser retirado da frase sem prejuízo ao sentido. Observe que se poderia dizer, omitindo-se a palavra: "Que vida boa você tem!".

Tal partícula desponta quase sempre na locução "é que", e, nesse sentido, Machado de Assis apresentou-nos algo relevante. Observe a frase de sua autoria:

"Que suplício que foi o jantar!"

O primeiro "que" é pronome indefinido - já mencionado neste artigo; o segundo, por sua vez, é a partícula expletiva.

A propósito, Casimiro de Abreu oferta-nos exemplo bastante semelhante, no qual se encontram as mesmas classificações morfológicas - pronome indefinido e, depois, partícula expletiva:

"Oh! Que saudades que eu tenho / Da aurora da minha vida, / Da minha infância querida (...)"

Veja que há um quê de recorrente na questão dos porquês. Nem precisamos nos esforçar para saber por quê...

Jornal Carta Forense, segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Eduardo de Morais Sabbag

Advogado; Doutorando em Direito Tributário, na PUC/SP; Doutorando em Língua Portuguesa pela PUC/SP, Mestreem Direito pela UNESA/RJ; Professor de Direito Tributário e de Língua Portuguesa, no Curso LFG. Coordenador e Professor do Curso de Pós-graduação, em Direito Tributário, na Rede LFG/UNISUL; Autor de diversas obras

O VESTIBULAS E AS EXPRESSÕES "A NÍVEL DE", "HAJA VISTO", "TV A CORES" E "ENTREGAS A DOMICÍLIO".​
 

No último mês de novembro, a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM/SP) solicitou em seu vestibular uma questão de gramática bastante interessante. Exigiu, na essência, a diferença entre os padrões culto e coloquial da linguagem. Observe-a:

Das frases abaixo, a única construção frasística aceita pela norma culta ou padrão da língua é:

a) A negação do encontro entre a ministra e a secretária complicou o governo a nível de eleição.

b) Haja vista os problemas ocorridos com o Senado, a ala oposicionista entrou com uma chuva de ações.

c) O garoto detido pelo policial na "crackolândia" se defendeu: "Eu sou de menor".

d) Segundo o IBGE, o eletrodoméstico mais presente nos lares brasileiros é a TV a cores.

e) A rede de lojas de eletrodomésticos faz entregas a domicílio também na Baixada Santista.

A questão apresentou expressões que são condenadas pelas normas gramaticais de rigor, embora sejam bastante comuns no padrão coloquial e, até mesmo, no ambiente jornalístico. Daí o oportunismo do teste, que ora comentamos.

A alternativa "a" traz a seguinte assertiva:

a) A negação do encontro entre a ministra e a secretária complicou o governo a nível de eleição.

A expressão "a nível de", por nós comentada em inúmeras oportunidades, é clichê modernoso que transita em abundância na fala do brasileiro. A locução - que até virou nome de música, na pena de João Bosco e Aldir Blanc - representa um condenável vício de linguagem.

Tenho dito em sala de aula que sua utilização no texto "nada acresce, pouco enaltece e só empobrece".

A propósito, o tempero tecnicista presente na locução parece conferir ao falante um tom erudito, todavia o modismo linguístico serve apenas para desautorizá-lo. É que no lugar da pretensa originalidade aparecerá o desapego da gramaticalidade. Que tal substituirmos "decisão a nível de diretoria" por "decisão da diretoria". Melhor e... bem mais simples.

É importante frisar que parte dos gramáticos sugere a substituição da expressão condenada por "em nível de". Tenho questionado se a mera troca da preposição "descontaminaria" a locução...

Um dado é indubitável: na acepção de "à altura de", destaca-se a forma "ao nível de", essa, sim, legítima. Exemplos:

A cidade está ao nível do mar. (= à altura do mar)

A casa foi construída ao nível do chão. (= à altura do chão)

As águas subiram ao nível da janela. (= à altura da janela)

Portanto, a alternativa apresentada deve ser assim corrigida:

A negação do encontro entre a ministra e a secretária complicou o governo, no tocante à eleição. (ou, ainda: "quanto à eleição"; "no que diz respeito à eleição".)

Passemos à alternativa "b", que está assim posta:

b) Haja vista os problemas ocorridos com o Senado, a ala oposicionista entrou com uma chuva de ações.

A assertiva apresenta-se correta. No caso, o vestibulando foi instado a julgar a expressão "haja vista" - uma estrutura morfossintática cristalizada e invariável, segundo a maioria dos gramáticos.

No dia a dia forense, é comum a sua troca pela condenável forma flexionada "haja visto". Cuidado! A locução "haja vista", na acepção de "veja-se" ou "tendo-se em vista", mostra-se, estereotipadamente, como um "fóssil sintático". Assim, é melhor mantê-la toda invariável. Exemplos:

Haja vista o ocorrido, proceder-se-á à tomada de providências.

Ele se atrasou, haja vista o trânsito na região.

A propósito, o tema transita com frequência em provas de concursos. O CESPE/UNB, em prova realizada para o cargo de Delegado de Polícia Federal, exigiu do candidato a constatação do erro na frase: "A segurança da população não é prioridade, haja visto que no Brasil o salário dos policiais foi enterrado no último prejuízo do Banco do Brasil".

Por outro lado, é possível defender a validade da forma "haja visto", na hipótese de locução verbal, substitutiva de "tenha visto". Tal locução verbal será formada pela primeira (ou terceira) pessoa do singular do presente do subjuntivo do verbo "haver" ("que eu/ele haja") e pelo particípio do verbo "ver" ("visto"). Exemplo:

É imperioso que ele haja visto o cometimento do ilícito. (= tenha visto)

Vamos enfrentar, agora, a alternativa "c", que apresenta a seguinte estrutura frasal:

c) O garoto detido pelo policial na "crackolândia" se defendeu: "Eu sou de menor".

A assertiva apresenta um desvio de linguagem, à luz do português culto ou gramatical: "de menor", no lugar de "menor". Diante da frase apresentada, o problema está longe de ser etário...ou, mesmo, policial. É, antes de tudo, gramatical! Se o jovem tem menos de 18 anos, é "menor"; se a maioridade já chegou, passará a ser "maior"...e pronto! Não se admitem as formas "de menor" e "de maior". A preposição "de" está sobrando...

Frise-se que subsiste o entendimento contrário, segundo o qual a forma coloquial e popular "de menor" seria a estrutura abreviada de "de menor idade", e, portanto, legítima. Quando o jovem diz "sou de menor", estaria dizendo "sou de menor idade". Embora reconheça a sofisticação do raciocínio, insisto em recomendar que, diante do padrão culto da língua, só se admitem as formas "menor" e "maior", sem a preposição.

Portanto, a alternativa apresentada deve ser assim corrigida:

O garoto detido pelo policial na "crackolândia" se defendeu: "Eu sou menor".

Passemos, então, à estrutura frasística da alternativa "d", assim disposta:

d) Segundo o IBGE, o eletrodoméstico mais presente nos lares brasileiros é a TV a cores.

A frase apresenta a expressão "TV a cores" que, para uma parte dos gramáticos, veicula um galicismo intolerável. Nessa linha, segue Napoleão Mendes de Almeida e tantos outros, para quem a única e válida expressão deve ser "TV em cores". A justificativa estaria nas naturais construções "transmissão em cores" (no lugar de "transmissão a cores"!?), "revista em cores" (no lugar de "revista a cores"!?) e, por fim, "TV em preto e branco" (no lugar de "TV a preto e branco"!?).

Por outro lado, Domingos Paschoal Cegalla abona a forma "a cores", aceitando o seu uso como legítimo.

Diante da divergência existente, diria que a Banca Examinadora correu algum risco ao considerar a frase inválida, todavia é fato que a maioria dos estudiosos assim a considera.

Portanto, tirante a oscilação de entendimentos, a alternativa apresentada deve ser assim corrigida:

Segundo o IBGE, o eletrodoméstico mais presente nos lares brasileiros é a TV em cores.

Por fim, vamos analisar a alternativa "e":

e) A rede de lojas de eletrodomésticos faz entregas a domicílio também na Baixada Santista.

A assertiva apresenta um erro gramatical: entregas a domicílio. Na verdade, é raro encontrar a construção como deveria ser utilizada, no bom português. Veem-se anúncios veiculando "entregas a domicílio" e, surpreendentemente, alguns com a construção "entregas à domicílio", estampando-se o equivocado sinal indicador da crase.

O que ocorre é que a regência dos nomes (e verbos) é pouco conhecida pelo usuário da Língua, ligando-se mais à sonoridade do que imaginamos. O verbo "entregar" requer a preposição "em", assim como o nome "entrega" - um termo regido pela mesma preposição. Portanto, não se pode usar uma preposição distinta. Sendo assim, "entrega a domicílio" é erro palmar!

Entretanto, não se pode perder de vista que há um caso em que a construção "a domicílio" apresenta-se legítima. É a situação em que desponta um verbo regido pela preposição "a". Exemplos: "Levam-se as compras a domicílio" (quem leva, leva a); "As encomendas chegam a domicílio sempre às três horas" (quem chega, chega a).

Portanto, a alternativa apresentada deve ser assim corrigida:

A rede de lojas de eletrodomésticos faz entregas em domicílio também na Baixada Santista.

Diante do exposto, coube ao vestibulando assinalar a alternativa "b", que se apresentou indubitavelmente irretocável.

No mais, enaltecemos a Banca Examinadora que, enfocando as diferenças entre os padrões culto e coloquial da linguagem, acertou na escolha de teste tão oportuno. Parabéns à Banca e aos vestibulandos...que acertaram o teste, é claro.

P.s.: Para um estudo aprofundado dos temas solicitados no comentado teste, sugerimos a consulta à nossa obra - Redação Forense e Elementos da Gramática, Terceira Edição, São Paulo: Premier Máxima, 2009 -, nas seguintes páginas:

1. "A nível de": p. 26;

2. Haja vista: pp. 55 e 390;

3. TV em cores: p. 216;

4. Entregas em domicílio: p. 215.

Eduardo de Morais Sabbag

Jornal Carta Forense, segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

"ANTES DE ENTRAR NO ELEVADOR, VERIFIQUE SE O MESMO ENCONTRA-SE PARADO NO ANDAR." PERGUNTA-SE: "O MESMO"ESTÁ AÍ DENTRO ?
 

Hoje em dia, tem sido recorrente a utilização equivocada do pronome "mesmo". Ouve-se com freqüência o vocábulo no lugar do nome de uma pessoa (ou coisa) ou substituindo um pronome pessoal. Tal prática virou moda, e a "praga" parece ter espalhado, aparecendo com as repetidas expressões "o mesmo" e "a mesma". Trata-se de modismo que empobrece o texto e fragiliza o discurso. Em bom português, não se deve dizer:
Conversei com o professor, e o mesmo me confirmou o ocorrido.

No intuito de evitar a expressão, há boas soluções:

1ª. Elimine a forma:
"Conversei com o professor, e me confirmou o ocorrido."

2ª. Substitua o pronome por palavra equivalente:
"Conversei com o professor, e o mestre me confirmou o ocorrido."

3ª. Substitua o pronome por outro pronome equivalente:
"Conversei com o professor, e ele / o qual me confirmou o ocorrido."

Deve-se registrar, todavia, que as expressões "o mesmo" ou "a mesma" podem ser toleradas, nos casos abaixo discriminados:

1. Quando seguidas de substantivo:
"O professor ensinou a mesma regra."

2. Como forma masculina invariável, no sentido de "a mesma coisa":
"O professor ensinou a regra; esperamos que os demais façam o mesmo."
"Disse a ela o mesmo que disse ao irmão."
"Acatar não é o mesmo que acolher."

Não perca de vista, ademais, que a palavra "mesmo" pertence a diversas categorias gramaticais, sendo empregada, corretamente, conforme se nota abaixo:

a)Como adjetivo, na acepção de "exato, idêntico, próprio":
- Foi sempre pelo mesmo caminho.
- Eles mesmos retornaram à escola.
- Eles feriram a si mesmos (= a si próprios).
- Os professores mesmos foram à festa.

b) Como advérbio, na acepção de "justamente, até, ainda, de fato":
- É lá mesmo que comprei o carro.
- Esta moto é mesmo veloz?
- Há mesmo necessidade disso?

É perceptível, conforme se nota nestes exemplos, que o vocábulo "mesmo" está bem empregado, ao acompanhar substantivo, adjetivo ou pronome. Entretanto, não os substitui. Em nenhum caso de boa redação, permitir-se-á tal substituição, embora saibamos que muitos estudiosos da língua portuguesa, mais liberais em seus ensinamentos, aceitem o uso do "mesmo" como pronome substantivo, isto é, substituindo um termo anterior.

Não obstante, estamos que se deve evitar seu uso. Ainda que não seja "erro", caracteriza pobreza de estilo. Muitas vezes usa-se a palavra "mesmo" porque falta vocabulário ou porque não se sabe usar outros pronomes.

Aliás, os edifícios da cidade de São Paulo, na porta de seus elevadores, estampam uma deplorável "plaquinha", fruto da Lei nº 9.502/97, na qual consta conhecida recomendação:
"Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado no andar."

Em sala de aula, tenho recomendado a meus alunos, com certa dose de gracejo, que, antes de entrarem no elevador, perguntem para a ascensorista ou para os passageiros que ali se encontram:
- Por acaso, o "mesmo" está aí? Tenho medo do "mesmo"...

Com efeito, a brincadeira só comprova que o uso de "mesmo" como pronome prejudica a clareza e a elegância da frase. Além disso, a equipe de redatores municipais demonstrou desconhecer as regras de colocação pronominal. É que há vício na forma "se o mesmo encontra-se". Nesse caso, impõe-se a próclise, isto é, a antecipação do pronome. Procedendo à colocação pronominal adequada:
"Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra parado no andar."

Resta, agora, finalizar a frase, com clareza. Observe as sugestões de correção:

1ª. Substitua a forma pelo pronome pessoal:
"Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra parado no andar."

2ª. Faça a inversão e elimine o pronome:
"Antes de entrar, verifique se o elevador está parado no andar."

3ª. Utilize forma mais concisa:
"Não entre sem ver se o elevador está no lugar".

Assim, insistimos na necessidade do estilo adequado, ao lado do pensamento preciso. Aristóteles já nos ensinava que "a primeira qualidade do estilo é a clareza".

Eduardo de Morais Sabbag
Advogado, Palestrante e Conferencista. Professor de Língua Portuguesa e Direito Tributário no Curso Prima/IELF, em São Paulo/SP, Professor de Pós Graduação na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro e no Centro Salesianos em Lorena/SP. Autor das Obras "Elementos de Direito Tributário", " Repertório de Jurisprudência" e " Exames da OAB- Testes e Comentários". Mestrando em Direito Tributário.
www.professorsabbag.com.br

Jornal Carta Forense, Folha do Acadêmico, Maio 2007, p. F11

Sou médico e, em todos esses anos atendendo em meu consultório, pude perceber como o brasileiro é um povo criativo, e resolve fazer arte até na hora de batizar seus filhos. Apresento a vocês, uma coletânea feita com colegas meus de profissão, principalmente os pediatras, dos nomes mais bizarros e engraçados vistos em consultórios, maternidades e afins. Afinal, todo mundo tem que passar pelo médico um dia.​
 

Vamos brincar de dar nomes bizarros para nossos filhos! Afinal, eles não podem reclamar mesmo.

- Valdisnei: Um clássico. Homenagem ao grande Walt Disney.
- Usnavi: Filho de um fanático por navios americanos, que apresentam a inscrição U.S. NAVY
- Adolfo Dias: Nada demais. O problema foi a doença do paciente. Impotência. Um predestinado.
- Kaelisson Bruno: Homenagem ao grupo KLB (Kiko, Leandro e Bruno)
- Caso famoso em Recife: Xerox (pai), Fotocópia (filha mais velha) e Autenticada (filha mais nova)
- Merdalina: Pois é. Tem de tudo
- Maiquel Edy Marfy: Seria Michael + Eddie Murphy?
- Maycom Géquiçom: Sem comentários
- Urinoldo Alequissandro: O médico que atendia este garoto o encaminhou para outro colega. Não conseguia parar de rir ao associar o garoto com um urinol.
- Kevinson Junior: O nome do pai era Rafael
- Caralhecilda: Ninguém chamava a paciente gritando. Por que será?
- Um Dois Três de Oliveira Quatro: Esse é famoso. É um agricultor potiguar.
Eles merecem
- Tospericagerja: Um clássico, homenagem do pai aos craques da Copa de 70: TOStão, PElé, RIvelino, CArlos Alberto, GERson, JAirzinho.
- Jean Claude Van Dame da Silva: Um magrinho raquítico
- Boniclaide: Bonnie and Clyde
- Erripóter: A mãe não se chamava J.K Rowling
- Kalifornia Drim dos Santos e Roliude dos Santos: Irmãos provindos de uma comunidade hippie
- Darkson Stick Nick da Silva: Venceu um concurso promovido pelos médicos -> O pior nome!
- Harlei David Son: Born to be wild!
- Laion, Pantro e Xitara: Geração Thundercats
- Uilikit e Uiliket: Gêmeos também da geração acima
- Bilidudilei e Jimibradilei da Silva: Irmãos
- Letisgo: Outro clássico. Let´s go, em versão tupiniquim. Duro era gritar o nome para chamar para a consulta.
- Railander da Silva: Esse sofreu um corte, para sua sorte, não foi a sua cabeça que foi cortada.
- Heman Eduardo: A pronúncia é He-man! Pelos poderes de Grayskull!! Acreditem ou não, sua irmã se chamava She-Ra.
- Bruno: Filho mais velho. Até aí nada, o problema foi quando o mais novo nasceu, e foi batizado de? Marrone.
- Pir: Pronúncia PI-ERRE.
- Ellen Geoáite: Homenagem a uma escritora americana chamada Ellen G. White.
- Eneaotil: Era mais fácil chamar de NÃO.
- Darzã: O pai era fanho e o cara do cartório não entendeu quando ele disse Tarzan.
- Kwysswyla: Uma proeza, só uma vogal! Leia-se Quíssila.
Romy Schneider. Tá, eu sei que você não conhece. Foi uma diva do cinema há uns 50 anos trás?
- Romixinaide: Homenagem a Romy Schneider
- Shaite: Nosso velejador Robert Scheidt também merece homenagem
- Madeinusa: Exótico? Apenas a expressão MADE IN USA, junta.
- Mikarraquinem: Criança que adorava correr do banho.
- Free William da Silva: Free Willy legendado.
- Mijardenia e Merdamercia: Irmãs, carinhosamente chamadas de Mimi e Memé.
- Tayla Nayla, Taxla Naxla, Tarla Narla: Irmãs cuja mãe aguardava a quarta filha, que seria batizada de? Taola Naola.
Levanta a mão aí quem também era fã de Tartarugas Ninja!
- Michelângelo: Seria uma homenagem bonita ao pintor renascentista? Nada, era a tartaruga ninja mesmo.
- Leidi Dai: Nem precisa tecla SAP
- João Lenão: Beatle tupiniquim
- Magaiver: Esse com certeza tinha uma mãe que tomava pílula e um pai vasectomizado que estava usando camisinha no dia. E mesmo assim nasceu.
- Orange, Blue e Yellow: Família arco-íris
- Justdoit: A Nike fazendo a cabeça do povão
- Aga Esterna: Essa era uma jóia! Literalmente.
- Mari Onete: Ao contrário do que se pensa, foi sozinha à consulta.
- Delícia Cremosa: Devem ter levado o pote de margarina pro cartório.
- Jedai: Que a força esteja com você.
- Inri: Isso mesmo. Jesus de Nazaré Rei dos Judeus.
- Rudegulete e Claiver: 2 irmãos, uma dupla de ataque poderosa (RuudGullit e Kluivert)
- Ulton:Ao chamar a criança, o médico foi corrigido pela mãe:U-Eli-Ton. Tem que pronunciar o L
- Istiveonder da Silva: Ao contrário do cantor, esse enxergava bem.
- Uiliam Bone: Futuro apresentador do Jornal Nacional
- Silvester Estalone: Diz o médico que pediu um autógrafo.
- Hyrum: Pronuncia "Airon". Questionado, o pai disse que era homenagem ao Iron Maiden.
- Frankstein Junior: O pai se chamava João da Silva.
Como será que posso fazer pra demonstrar minha paixão pelo esporte e minha estupidez simultaneamente?
- Kung Fu José e Kung Fu João: Gêmeos.
- Myqueimausi: Deve ser filho do Valdisnei
- Miquetiçon: Segundo a mãe, pronuncia-se? Mike Tyson.
- (Homenagem ao ex-piloto francês de F1 Patrick Tambay) -> Patrick Itambé da Silva
- Dois irmãos: Villejack Jeans e Cachemire Bouquet? Eita propaganda
- Hotidogson: Nem o cachorro quente escapa da homenagem
- Milquesheiqueson: Qual era o sabor?
- Brucili Benedito da Silva: Mais um homenageado, Bruce Lee
- Abias Corpus da Silva: Esse nunca iria preso.

Brasil, país da criatividade!

"A FOLHAS" OU "ÀS FOLHAS": COMO ESCREVER NA LINGUAGEM DO FORO ?​
 

A pergunta é de singular importância. Entre os operadores do Direito, no dia-a-dia forense, paira a recorrente dúvida acerca da utilização adequada das locuções "às folhas", "a folhas", "de folhas", entre outras. Além disso, muito se discute se a forma correta seria "folhas trinta e DUAS" ou "folhas trinta e DOIS" ou, talvez, "folha TRIGÉSIMA segunda". O assunto não é fácil, porém este artigo poderá ofertar subsídios didáticos à assimilação da questão.

Vamos esclarecer, separando a explicação em tópicos:
1. O principal aspecto do tema está na necessidade de definição da preposição a ser utilizada ? em folha, de folha ou a folha ?, que pode vir acompanhada de um artigo, ensejando as locuções na folha, da folha ou à folha. Todas essas formas estão apropriadas.

Portanto, utilize, com o vocábulo FOLHA, no singular:
I. Em folha cinco [1] (Em = preposição)
II. Na folha cinco [NA = A (artigo) + EM (preposição)];
I. De folha cinco (De = preposição)
II. Da folha cinco [DA = A (artigo) + DE (preposição)];
I. A folha cinco (A = preposição)
II. À folha cinco [À = A (artigo) + A (preposição)].

2. É sabido que o substantivo "folha" admite o plural "folhas".
Nesse passo, utilize, com o vocábulo FOLHAS, no plural:
I. Em folhas cinco (Em = preposição)
II. Nas folhas cinco [NAS = AS (artigo, no plural) + EM (preposição)];
I. De folhas cinco (De = preposição)
II. Das folhas cinco [DAS = AS (artigo, no plural) + DE (preposição)];
I. A folhas cinco (A = preposição; sem crase)
II. Às folhas cinco [Às = As (artigo no plural) + A (preposição); crase obrigatória] [2]
Assim, podemos utilizar, na prática, as expressões corretas, conforme se nota nos exemplos abaixo:
I. Prova anexada na folha dez (ou "...na fl.10");
II. Documentos de folhas dez (ou "...de fls. 10");
III. Prova anexada à folha dez (ou "...à fl.10");
IV. Documentos juntados a folhas dez (ou "...a fls.10").

3. Quanto à utilização de número cardinal ("folhas trinta e duas") ou de número ordinal ("folha trigésima segunda"), deve-se dar preferência ao primeiro ? o número cardinal ?, principalmente com a utilização de números altos. Entretanto, ambas as formas estão corretas. Exemplos:
I. Laudo anexado a folhas cinqüenta e duas do compêndio (ou "Laudo anexado a cinqüenta e duas folhas do compêndio");
II. Laudo anexado a folha qüinquagésima segunda do compêndio.
O mesmo raciocínio vale para o substantivo "página" [3]:
I. A páginas duzentas e três do primeiro volume;
II. A duzentas e três páginas do primeiro volume;
III. A página ducentésima terceira do primeiro volume.

4. Quanto à utilização dos números cardinais no lugar dos ordinais, subentende-se a palavra "número", devendo ser empregado o gênero masculino.
Exemplos: Página UM, DOIS, TRINTA E DOIS etc. (e não "Página uma, duas, trinta e duas" etc.).
Entretanto, não se observa tal sistemática na linguagem do foro, em que justifica ser corrente dizer "a folhas trinta e UMA", "a fls. vinte e DUAS, quarenta e UMA...", entre outras. Trata-se de uma ressalva para o uso na linguagem forense.

Jornal Carta Forense, Fevereiro/2007

Eduardo de Morais Sabbag
Advogado, Palestrante e Conferencista. Professor de Língua Portuguesa e Direito Tributário no Curso Prima/IELF, em São Paulo/SP, Professor de Pós Graduação na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro e no Centro Salesianos em Lorena/SP. Autor das Obras "Elementos de Direito Tributário", " Repertório de Jurisprudência" e " Exames da OAB- Testes e Comentários". Mestrando em Direito Tributário.
www.professorsabbag.com.br

É PRECISO PARAR COM O TAL "VOU ESTAR FAZENDO ..."!​
 

"Gerúndio" é forma nominal do verbo, ao lado do "infinitivo" e do "particípio". Esta forma pode e deve ser usada para expressar uma ação em curso ou uma ação simultânea à outra, ou para exprimir a idéia de progressão indefinida. Combinado com os auxiliares "estar", "andar", "ir" ou "vir", o gerúndio marca uma ação durativa, com aspectos diferenciados. Note:

Estavam todos repousando. (Ação durativa em momento definido)
Ricardo andava acordando sem ânimo. (Ação durativa e intensidade)
Dias de sorte vêm surgindo no último mês. (Ação durativa e progressividade)

Do uso adequado para a prática condenável, foi um pulo. Aos que não conhecem, vale a apresentação: tal prática tem sido chamada de "gerundismo" ? fenônemo lingüístico recente no Brasil, traduzindo-se em equivocada maneira de falar e de escrever, em razão da má influência do idioma inglês em nosso país. Pode-se afirmar que, geograficamente, o foco de difusão da "praga" se deu nos ambientes de atendimento de "telemarketing". No afã de traduzir as expressões "I am going to do something" [literalmente: "Estou indo fazer algo"], ou "We will be sending you the catalog soon" [como "Nós estaremos lhe enviando o catálogo em breve"] e, por fim, "We'll be sending it tomorrow" [com significado de "Nós vamos estar mandando isso amanhã"], passou-se a conviver com esse abuso de forma com forte vocação de propagação. Diga-se, em tempo, que se os norte-americanos empregam corretamente o "we'll be sending it tomorrow", a adaptação servil feita pelo português soa esquisita: "nós vamos estar mandando isso amanhã"?!

Pouco a pouco, a perigosa forma gerundial deixou o ambiente dos atendentes de "telemarketing" e se alastrou de modo incontido, alcançando o cotidiano dos escritórios, das reuniões e das conferências. Que perigo!

Observe alguns exemplos condenáveis de gerundismo:

1. Eu vou estar passando por fax o documento.
2. Ela vai estar mandando pelo Correio o memorando.
3. Nós vamos estar enviando pela Internet o relatório.
4. Eu vou estar transferindo a sua ligação.
5. Eu vou estar confirmando os dados.

É evidente que as formas são excessivas e desnecessárias. Quer-se dizer tão pouco com tanto! Pra quê?

Em hilariante passagem, satirizando com o humor que lhe é peculiar, o cronista Ricardo Freire comenta[1]:
"Nós temos que estar nos unindo para estar mostrando a nossos interlocutores que, sim, pode estar existindo uma maneira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito. Até porque, caso contrário, todos nós vamos estar sendo obrigados a estar emigrando para algum lugar onde não vão estar nos obrigando a estar ouvindo frases assim o dia inteirinho. Sinceramente: nossa paciência está ficando a ponto de estar estourando."

De qualquer modo, há que se distinguir o bom do mau emprego gerundial. Condenar o "gerundismo", sem análise detida, não é recomendável. Nas palavras de Rodrigues Lapa, "o problema consiste em saber se de fato o uso do gerúndio traz vantagem estilística sobre os outros processos." [2]

Casos há em que se necessita transmitir a idéia de movimento, de progressão, de duração ou de continuidade ? portanto, recomendar-se-á seu uso. Todavia, abusivo será o gerundismo e, portanto, condenável, se a ação em comento se individualizar no tempo, sem necessidade de se protrair. Nesse caso, é possível evitá-lo, fazendo a troca da locução verbal ["estar" + "gerúndio"] por um simples "infinitivo" [flexionado ou não], desde que não se trate efetivamente de uma ação durativa.

Exemplos de uso aceitável, com a ocorrência de ações durativas:

1. Os pagamentos das promissórias estarão ocorrendo nos dias 2 e 3 do referido mês.
2. Não será possível vê-la nesses dias, pois vou estar viajando para Recife.
3. Em outros artigos, elas estarão dando maior atenção a cada um desses assuntos.
4. A jovem deve estar fazendo os exercícios agora.

Exemplos de uso condenável, com a ocorrência de ações não-durativas:

1. Vou aproveitar o 13º para estar pagando tudo. [Troque por pagar]
2. À tarde, temos que estar discutindo a proposta do plano. [Troque por discutir]
3. As análises servem para estarmos aprofundando os estudos. [Troque por aprofundar]
4. Nossos atendentes vão estar efetuando a cobrança em maio. [Troque por efetuar]

Portanto, sejamos simples e concisos. Evitemos o gerundismo inadequado, enfeitando a fala com uma duração que não contém. Sempre digo a meus eminentes alunos: "É preciso parar com o tal ?vou estar fazendo?!"

Não há melhor recomendação que a de Ricardo Freire que, com franqueza elogiável, incita-nos à mudança de hábito:
"E só existe uma forma de descontaminar um gerundista crônico: corrigindo o coitado. Na chincha. Com educação, claro. Por incrível que pareça, ninguém usa o gerundismo para irritar. Quando a teleatendente diz 'O senhor pode estar aguardando na linha, que eu vou estar transferindo a sua ligação', ela pensa que está falando bonito. Por sinal, ela não entende por que 'eu vou estar transferindo' é errado e 'ela está falando bonito' é certo. O que só aumenta a nossa responsabilidade como vigilantes e educadores. (...)" [3]

[1] Ricardo Freire, in "Xongas", de O Estado de S. Paulo, em 16 de fevereiro de 2001 apud Eduardo de Moraes Sabbag, in "Redação Forense e Elementos da Gramática", Premier, 2ª Ed., p. 450.
[2] Rodrigues Lapa, in "Estilística da Língua Portuguesa", Livraria Acadêmica, Rio de Janeiro, 1959, p.178.
[3] Id.,id., p. 450.

Jornal Carta Forense, março/2007, p. F11

Eduardo de Morais Sabbag
Advogado, Palestrante e Conferencista. Professor de Língua Portuguesa e Direito Tributário no Curso Prima/IELF, em São Paulo/SP, Professor de Pós Graduação na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro e no Centro Salesianos em Lorena/SP. Autor das Obras "Elementos de Direito Tributário", " Repertório de Jurisprudência" e " Exames da OAB- Testes e Comentários". Mestrando em Direito Tributário.
www.professorsabbag.com.br

AÍ VAI UM DESAFIO PARA QUEM QUISER TESTAR SEUS CONHECIMENTOS DE LÍNGUA PORTUGUESA.
 

Na frase abaixo deverá ser colocado 1 ponto e 2 vírgulas para que a frase tenha sentido.

MARIA TOMA BANHO PORQUE SUA MÃE DISSE ELA PEGUE A TOALHA.

RESPOSTA:

Maria toma banho porque sua. Mãe, disse ela, pegue a toalha.

A "pegadinha" está no fato do uso do verbo suar, confundindo com o pronome possessivo (sua).



 


ALGUNS ERROS GRAMATICAIS E A PETIÇÃO INICIAL.
 

A leitura de algumas petições iniciais demonstra que os operadores do direito não têm se aplicado ao estudo da Língua Portuguesa. Muitos erros de gramática aparecem freqüentemente na estrutura de parágrafos jurídicos e prejudicam a comunicação redacional. Erros de gramática causam obscuridade e ambigüidade na produção do texto jurídico. A linguagem utilizada na redação forense deve estar de acordo com a norma culta, isto é, deve obedecer às regras gramaticais. É fundamental conhecê-las para redigir excelentes petições iniciais, por isso é indispensável consultar sempre um livro de gramática.

Cuidado com a ortografia. Algumas palavras trazem dúvidas quanto à escrita. Neste caso, consulte um bom dicionário. Se não for possível, substitua a palavra por outra, cuja grafia seja conhecida. Freqüentemente, os profissionais do Direito escrevem "Requer a paralização dos autos do processo pelo prazo de 15 dias", "O juiz de direito analizou detidamente as provas" etc. Escrevem-se os verbos "paralisar" e "analisar" com "s" e não com "z". Por isso, tome cuidado ao redigir o texto.

A concordância verbal é extremamente importante para a boa construção do parágrafo jurídico. Lembre-se de que o verbo sempre concorda com o sujeito. Especial atenção merece a concordância dos verbos acompanhados pela partícula apassivadora "se" em construção deste tipo: "alugam-se casas", "emitem-se cheques", "consertam-se relógios". Os substantivos casas, cheques e relógios sofrem a ação verbal. Devem concordar com o verbo no plural ou no singular: "aluga-se casa", "emite-se cheque", "conserta-se relógio".

A regência verbal também ocupa lugar de destaque na elaboração das petições iniciais. Alguns verbos exigem preposições. O verbo "assistir" possui várias regências na Língua Portuguesa. No sentido de "ver", "presenciar", o verbo "assistir" é verbo transitivo indireto e exige a preposição a: "Os advogados assistiram ao Julgamento do Século". Quem assiste, assiste a alguma coisa.

O verbo "chegar" não é bem utilizado. Não se diz: "ontem, cheguei no fórum logo pela manhã". Quando o sentido for o de atingir um determinado ponto, deve-se dizer: "ontem, cheguei ao fórum logo pela manhã". Aproveite para corrigir esta frase: "Eu cheguei em minha casa cedo". Corrija para: "Cheguei à casa cedo".

Corrija também a seguinte expressão: "...residente e domiciliado à Rua da Glória". Os verbos "residir" e "domiciliar" exigem a preposição "em" e não a preposição "a". Por isso, escreva: "...residente e domiciliado na Rua da Glória".

Não se esqueça de que "abaixo-assinado" e "abaixo assinado" são formas corretas na língua portuguesa, mas possuem significados diferentes. Abaixo-assinado é o documento, a petição, o requerimento assinado por várias pessoas. A palavra que indica individualmente a pessoa que assinou o abaixo-assinado é "abaixo assinado". Veja este exemplo: "O autor vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por meio de seu advogado abaixo assinado requerer a paralisação dos autos do processo por 15 dias".

Ao redigir a próxima petição, procure evitar esses erros gramaticais, pois eles depõem contra o profissional do Direito. Conhecer gramática também é fundamental para o exercício da profissão.

Joseval Martins Viana é advogado e sócio do escritório Moraes Viana Advocacia, em São Paulo. Mestre em discurso jurídico e autor das obras Manual de Redação Forense e Prática Jurídica pela (Juarez de Oliveira) e Argumentação no Discurso Jurídico (Editora Yendis).
Site: www.josevalviana.pro.br

"COMO DEVO VOTAR: NO PRESIDENTE OU PARA PRESIDENTE ?"​



Estamos em época de eleições. Como devemos votar: no Presidente ou para Presidente?

Aquele que vota, ao dar o seu voto, a favor ou contra, vota em alguém, e não "para" alguém. Portanto, você vota em uma pessoa; o candidato tal pode votar nele mesmo ou em alguém, se lhe aprouver, e não "para" alguém. Note as frases corretas:
O brasileiro votou no candidato mais bem preparado.
Aquele que não votar em mim, de mim não escapará.
Em quem mesmo votei?

O tema traz à tona a cômica história de um candidato que virou motivo de piada nas eleições. Ele não teve nenhum voto, o que motivou uma Rádio a anunciar em seu programa: "Poxa, nem a mulher dele votou nele!". Quando questionado por repórteres, o tal candidato respondeu:
"A minha mulher eu não garanto. Mas a minha mãe, eu sei que votou em mim." E complementou: "Eu também votei em mim".

O episódio é hilário e comporta correção gramatical: as frases emitidas pelo desafortunado candidato "sem-voto" estão em consonância com a regra ? o verbo "votar" requer a preposição "em", sendo nessa acepção transitivo indireto. Assim, houve por bem o anunciante ao justificar que "...a minha mãe, eu sei que votou em mim." e "... também votei em mim".

Entretanto, é possível a utilização da preposição "para" com o verbo ora analisado, quando se fizer referência a "cargo". É que no Brasil passou a ser comum a construção "votar para Presidente", na acepção de "ter a oportunidade de escolher". Exemplo:
Ela votou para Deputado.
Nós votamos para Senador.
Todos votaram para Prefeito.

Em Portugal, diferentemente, usa-se a preposição "por": "votar por Deputado, por Senador, por Prefeito etc.

Retomando a pergunta que intitula o presente artigo ? "Como devo votar: no Presidente ou para Presidente?" ?, seria possível concluir: pode-se falar "votei no Presidente", caso se faça menção à sua pessoa; por outro lado, será possível dizer "votei para Presidente", se o intuito for se referir ao cargo eletivo em disputa.

Superada a questão apresentada, a título de curiosidade, perguntar-se-ia: qual o feminino de "presidente"?
Não faz muito tempo, a pediatra Verónica Michelle Bachelet venceu as eleições presidenciais no Chile. Na Libéria, a história se repetiu: Ellen Johnson Sirleaf tomou posse na presidência, como a primeira mulher eleita chefe de estado de um país africano. E, no Brasil, a Senadora Heloísa Helena disputou as eleições... Se as mulheres estão disputando ? e até ocupando ? a eminente função política de chefe de estado, é necessário fulminar a dúvida: "a Presidente" ou "a Presidenta"?

A forma feminina "presidenta" é dicionarizada e vernácula, embora tenha curso limitado no idioma. Muitos a defendem. Desde gramáticos do quilate de Evanildo Bechara, Celso Cunha, Domingos Paschoal Cegalla e Rocha Lima, até dicionaristas de prol, como Houaiss e Aurélio, tendo todos a chancela do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), que também abona a forma. Aliás, de acordo com a Lei Federal nº 2.749/56, o emprego oficial de nome designativo de cargo público deve, quanto ao gênero, atender ao sexo do funcionário a quem se refira, e não ficar sempre no masculino, apegado a um provável machismo anacrônico.

Não obstante, a palavra "presidente" continua a ser registrada, no VOLP e nos dicionários, como vocábulo de dois gêneros (substantivo comum-de-dois), ou seja, pode-se dizer, sem medo de equívoco, "o presidente" e "a presidente". Assim, à guisa de conclusão, ficaremos com as duas formas possíveis: a presidenta ou a presidente.

Não há dúvida que o direito de escolha, assim exercitado, em sua dimensão política e "lingüística", permitirá ao eleitor votar bem...e com gramaticalidade!

Fonte: Jornal Carta Forense, novembro/2006

Eduardo de Morais Sabbag Advogado, Palestrante e Conferencista. Professor de Língua Portuguesa e Direito Tributário no Curso Prima/IELF, em São Paulo/SP, Professor de Pós Graduação na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro e no Centro Salesianos em Lorena/SP. Autor das Obras "Elementos de Direito Tributário", " Repertório de Jurisprudência" e " Exames da OAB- Testes e Comentários". Mestrando em Direito Tributário.
www.professorsabbag.com.br

O BRASIL PÁRA PARA O FUTEBOL.



Um aluno me indagou, um dia desses, sobre o que eu achava a respeito da Copa do Mundo. Disse-lhe que gostava muito, que torcia bastante, que assistia aos jogos com animação, mas não pude deixar de fazer um trocadilho, em abono da versatilidade de nosso idioma:
- "De dezembro a janeiro, o Brasil parou. Com a Copa do Mundo, o Brasil pára. Na iminência das eleições, já está parando! No próximo carnaval, parará! Ninguém acredita: como o Brasil anda!?"

Com efeito, a frase encerra duas verdades: uma fática e uma gramatical. A primeira poderá nos levar ao hexacampeonato ? isso é bom! A segunda ? por exigir conhecimentos gramaticais ? poderá ofertar ao curioso dicas importantes sobre a acentuação do verbo enfatizado ? isso é melhor!

Assim, atenhamo-nos a esta convidativa evolução gramatical, suscitada pelo trocadilho propositado, deixando aos habilidosos jogadores de nossa seleção de futebol a concretização da primeira verdade.

Pergunta-se: qual é a regra de acentuação dos verbos "pára" e "parará"?

A forma "parará" tem a última sílaba como tônica, o que lhe dá o conceito de "oxítona". Entre várias regras que se deve conhecer, uma vem a calhar: acentuam-se as oxítonas terminadas por -a. Exemplos: vatapá, Paraná, gambá, será etc.

Por outro lado, o acento em "pára" visa evitar confusão. Isso mesmo! Existem os termos "para" (sem acento) e "pára" (com acento). O primeiro indica a preposição, enquanto o segundo corresponde ao verbo. É a regra do acento diferencial.

Note: quando digo "o time luta para vencer", uso a preposição, sem acento; em outro giro, se afirmo "o goleiro pára diante da bola", utilizo, com o acento, o verbo; por fim, se digo "o Brasil pára para o futebol", valho-me do verbo e da preposição, respectivamente. Aliás, aquele se conjuga, no presente do indicativo, como: eu paro, tu paras (sem acento), ele pára (com acento), nós paramos, vós parais, eles param (sem acento).

Quanto à vitória na Copa do Mundo, surge uma dúvida prosódica: sabemos pronunciar com adequação o termo "hexacampeão"?

É que a Copa atual fez ressurgir uma palavrinha pouco usual: "hexa". Todos falam e repetem, "enchendo a boca" para anunciar! Será que a pronúncia é fácil? Veremos que não. Vamos, então, à análise:

Existe divergência, entre os dicionaristas, quanto à pronúncia desse termo: há quem defenda a pronúncia original do grego héks (seis), informando que se deve utilizar o fonema /K/ no meio da palavra, que Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, ao lado de Caldas Aulete, Cândido de Figueiredo e do próprio Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - VOLP, mostra como /cs/. Já Antônio Houaiss, adepto da simplicidade, afirma que a letra -x de "hexa" deve ser pronunciada como /z/. Portanto, deve-se falar "hecsacampeão" (como em "fixo"), para o Aurélio, e "hezacampeão" (como em "exame"), para o Houaiss.

O intrigante é que desponta divergência até mesmo entre fortes "times" de dicionaristas! E não pára por aí. O eminente gramático Domingos Paschoal Cegalla adota pronúncia diversa: he/gz/acampeão.

E nós, que estamos nas "arquibancadas", por quem devemos "torcer" nessa disputa?

Penso que, em disputas desse tipo, não exista campeão. Sem receio, opte e torça! Todas as formas são aceitáveis. Afinal, o valor fonético do -x é quase irrelevante perto do desejo de ser "hexa", não acha? O lado bom ? oxalá! ? é que na próxima Copa não teremos tal problema prosódico: o Brasil será heptacampeão! E há de ser, surpreendentemente, parando...parando...e andando!?

Eduardo de Morais Sabbag
Advogado, Palestrante e Conferencista. Professor de Língua Portuguesa e Direito Tributário no Curso Prima/IELF, em São Paulo/SP, Professor de Pós Graduação na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro e no Centro Salesianos em Lorena/SP. Autor das Obras "Elementos de Direito Tributário", " Repertório de Jurisprudência" e " Exames da OAB- Testes e Comentários". Mestrando em Direito Tributário.
www.professorsabbag.com.br.

Fonte: Jornal Carta Forense, Julho/2006, p. 23

"SE ISSO LHE APROUVER...".​



Que verbo é esse?
Mais uma vez, o amplo universo verbal de nosso léxico convida o leitor ao conhecimento de verbos pouco usuais: aprazer, desprazer e prazer.

Há detalhe intrigante: ouve-se por aí a forma "se isso lhe aprouver...", entretanto poucos associariam o tempo em destaque ao verbo aprazer, que tem o sentido de "causar ou sentir prazer". É mais usado nas terceiras pessoas (do singular e do plural). Portanto, pode-se usar apraz, aprazia, aprazerá, aprouve, aprouvera, aprouvesse.
A forma "aprouver" indica o futuro do subjuntivo do verbo aprazer, bastante comum como verbo transitivo indireto ("Todas as manhãs, o sol lhe apraz.") ou intransitivo ("Poucos são os comentários que aprazem.").
Para o dicionarista Houaiss, o verbo aprazer é irregular, nos tempos derivados do pretérito perfeito, apresentando formas interessantes, como aprouve, aprouvera, aprouvesse, entre outras.
Fernando Pessoa dele se valeu em emblemático trecho da poesia "Deixemos Lídia": "Não de outro modo mais divino ou menos / Deve aprazer-nos conduzir a vida, / Quer sob o ouro de Apolo / Ou a prata de Diana" .

Nessa esteira, Carlos Drummond de Andrade lançou-o em "Dissolução": "Escurece, e não me seduz / tatear sequer uma lâmpada / Pois que aprouve ao dia findar, aceito a noite...".
A reboque da literatura de prol, seguiram os versos de Vinicius de Moraes, em "Para viver um grande Amor": "...É muito necessário ter em vista / um crédito de rosas na florista / muito mais, muito mais que na modista! / para aprazer ao grande amor..."

É relevante notar que aprazer pode servir como paradigma na conjugação de outros verbos, como:

(I) desprazer, no sentido de "desagradar". Exemplos:
O contrato não lhe desprouve, mas agradou a ele.
É provável que isso despraza os contratantes.
O choro intenso lhe despraz.

(II) prazer, no sentido de "queira Deus, tomara, oxalá". Exemplos:
Prouvera a Deus.
Se a Ele prouver, que praza a todos.
Como sinônimo de aprazer, o verbo prazer é igualmente irregular, devendo ser usado apenas na 3ª pessoa do singular. Há formas curiosas, como: praz, prazia, prouve, prouvera, prazerá, prazeria, praza, entre outras.

É fato que se trata de verbos pouco usuais, todavia podem ser utilizados no dia-a-dia do usuário do português de rigor. O importante é utilizar o verbo, conhecendo aquilo que se anuncia. Aliás, este rápido estudo permitirá a enunciação da forma "se isso lhe aprouver...", com a dose exata de "autoridade" na fala, comum àqueles que falam sabendo o que dizem...

Eduardo de Morais Sabbag

Advogado, Palestrante e Conferencista. Professor de Língua Portuguesa e Direito Tributário no Curso Prima/IELF, em São Paulo/SP, Professor de Pós Graduação na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro e no Centro Salesianos em Lorena/SP. Autor das Obras "Elementos de Direito Tributário", " Repertório de Jurisprudência" e " Exames da OAB- Testes e Comentários". Mestrando em Direito Tributário.
www.professorsabbag.com.br.

Fonte: Jornal Carta Forense, Agosto/2006, p. 25

 

NORMAS GERAIS DA LÍNGUA CULTA.



Eu adimpli...Ele argúi...Eles vigeram...

Há certos verbos que transitam em abundância no dia-a-dia do operador do Direito. Conhecê-los é importante; conjugá-los com adequação é fundamental. Trata-se de verbos que se ligam à casuística forense, como os que ora vêm no título anunciado: adimplir, argüir e viger.

O primeiro, originário do latim adimplere (cumprir, satisfazer, executar), é verbo defectivo, não possuindo todas as flexões na conjugação. Por essa razão, ao conjugá-lo, "aperte o freio", substituindo as formas inexistentes por outras previstas em verbos sinônimos.

Como boa referência na técnica da conjugação, é possível utilizar o verbo abolir, recorrendo apenas às formas em que a terminação começa pela vogal -e ou pela vogal -i. Note o gráfico mnemônico:
Abolir Adimplir
Se digo... Diga...
Eu xxxxxxxx
Tu aboles
Ele abole
Nós abolimos
Vós abolis
Eles abolem Eu xxxxxxxx
Tu adimples
Ele adimple
Nós adimplimos
Vós adimplis
Eles adimplem

Observe que não existe a primeira pessoa do presente do indicativo (Eu), do que decorre a inexistência das formas no tempo presente do subjuntivo.
Portanto, NÃO se fala: "eu adimplo" (presente do indicativo) ou " ...que eu adimpla" (presente do subjuntivo).

Entretanto, os problemas de defectividade não atingirão os outros tempos. Assim, não se preocupe ao anunciar as formas abaixo descritas. Você estará no campo da adequação. Note-as:
Eu adimpli (pretérito perfeito do modo indicativo)
Eu adimplirei (futuro do presente do modo indicativo)

O segundo verbo ora estudado ? argüir ?, na linguagem jurídica, significa "impugnar com argumentos". Não obstante tratar-se de verbo regular, há formas problemáticas que merecem nossa menção.

No presente do indicativo, devo dizer eu arguo e ele argúi, pronunciando-se de modo bem claro a sílaba -gu, tenha ela ou não o acento tônico. Não perca de vista que o -u, se tônico e seguido de -e ou -i, levará acento agudo; se átono, receberá o sinal diacrítico conhecido por trema. Portanto:
Eu arguo (o -u é tônico, mas não seguido de -e ou -i);
Tu argúis (o -u é tônico e seguido de -i);
Ele argúi (o -u é tônico e seguido de -i);
Nós argüimos (o -u é átono, havendo o trema no grupo -gui);
Vós argüis (o -u é átono, recebendo o trema no grupo -gui);
Eles argúem (o -u é tônico e seguido de -e).

Frise-se que há sinônimo interessante para o ato de replicar, ou de responder argüindo: redargüir. Para ele, vale a mesma regra adotada no verbo argüir. Observe as flexões no presente do indicativo:
Eu redarguo - Tu redargúis - Ele redargúi
Nós redargüimos - Vós redargüis - Eles redargúem

Note que, na segunda e terceira pessoas do singular ? tu e ele ?, aparece a terminação -ui, e não -ue. Portanto, dizemos tu argúis, e não "tu argúes"; e ele argúi, e não "ele argúe". Aliás, não se deve confundir a conjugação em análise com aquela presente nos verbos terminados em -uar (como averiguar). Aqui, sim, apareceriam as formas com terminação em -ue. Exemplos: que eu averigúe; que tu averigúes etc.

O terceiro verbo trazido à discussão é igualmente interessante. Como sinônimo de vigorar, desponta no dia-a-dia forense o usual viger. Para a maioria dos gramáticos, o verbo é defectivo, empregando-se nas formas em que ao -g se segue -e. Exemplos:
Vige ? vigente ? vigendo ? vigeu ? vigerá ? vigesse

Verifica-se, pois, que as formas "vigia", "vigir" e "vigindo" são condenáveis, sem embargo do posicionamento mais condescendente de Napoleão Mendes de Almeida, por quem nutrimos inegável admiração e respeito. Com efeito, se digo bebendo para o infinitivo beber, devo dizer vigendo para o infinitivo viger.

Portanto, devemos anunciar, valendo-se de trocadilho:
O decreto vige, vigerá e continuará vigendo, enquanto viger.

Posto isso, memorize: verbo defectivo, é aquele cujo defeito apenas consiste em não ter determinadas formas, por questões de natureza morfológica ou eufônica. Portanto, não tenha receio: construa um texto sem defeitos...com o verbo defectivo. É possível!

Eduardo de Morais Sabbag
Advogado, Palestrante e Conferencista. Professor de Língua Portuguesa e Direito Tributário no Curso Prima/IELF, em São Paulo/SP, Professor de Pós Graduação na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro e no Centro Salesianos em Lorena/SP. Autor das Obras "Elementos de Direito Tributário", " Repertório de Jurisprudência" e " Exames da OAB- Testes e Comentários". Mestrando em Direito Tributário.
www.professorsabbag.com.br



QUALIDADES DA BOA LINGUAGEM NA REDAÇÃO FORENSE - PARTE I.
 

O escrever corretamente assume no campo do Direito valor maior do que em qualquer outro setor. O advogado que arrazoa ou peticiona ou o juiz que sentencia ou despacha têm de empregar linguagem escorreita e técnica. A boa linguagem é um dever do operador do Direito para consigo mesmo, que o mantém preocupado em expressar as idéias com precisão, sem sacrificar o estilo solene que deve nortear a linguagem forense.

É claro que, para levar a cabo tal mister, não se pode utilizar a fala pedante, com dizeres mirabolantes, na qual sobeja a terminologia enrolativa, que vem de encontro à precisão necessária à assimilação do argumento aduzido. A linguagem hermética e "centrípeta" só agrada ao remetente, não ao destinatário. Com efeito, o preciosismo é vício de linguagem marcado pela afetação. Deve-se evitar sacrificar a idéia, fugindo do natural, a fim de causar "impressão", sem lograr transmitir o pensamento com clareza.
Tal modo "egoísta" de transmissão de idéia, não raro nos ambientes forenses, deve ser banido com presteza. Estamos chegando a um ponto em que a convivência com a prolixidade no redigir, de centenas de aplicadores do Direito menos avisados, gera, até mesmo, certa estranheza no leitor do texto, se o encontra "enxuto" e despido de rodeios. Parafraseando o eminente Padre Antonio Vieira, "o estilo há de ser fácil e muito natural".
Portanto, é questão de urgência: devemos evitar a terminologia pernóstica utilizada em textos jurídicos, procurando alcançar o conceito de precisão na exposição do pensamento, que, necessariamente, passa pela idéia de "boa linguagem", cujos pilares conheceremos a seguir, por meio das qualidades da boa linguagem. Aliás, o dito popular é claro: "Quem muito fala, muito erra e muito enfada".
Sabe-se que o advogado despreparado possui vocabulário limitado, desconhece o sentido das palavras e raramente consulta o dicionário. Esse distanciamento do vernáculo é maléfico porque o retira do "mundo das letras", alienando-o em um ambiente de "falso conhecimento" do léxico, o que é de todo condenável.
O dicionário, como é cediço, é repositório vocabular que deve ser consultado. Não é adereço, mas objeto de pesquisa, sob pena de se aderir ao que chamamos de "substituísmo" - mau hábito de "substituir" as palavras, trocando-as por outras de fácil escrita ou significado, em vez de consultar o nosso querido "paizão", a fim de esclarecer a dúvida. Os medrosos "substituístas" nunca dirimem a dúvida, deixando de enfrentá-la, mas perpetuam o desconhecimento, adotando uma postura arredia. Isso nos faz lembrar a curiosa história da secretária de um ex-Presidente da República, que, ao redigir um memorando para marcar reunião para uma certa sexta-feira, viu-se na dúvida se tal dia da semana era escrito com -x ou -s. Perguntando ao Presidente, este respondeu: "Mude para sábado!". E ninguém abriu o dicionário para aprender...
Ademais, é comum encontrar operadores do Direito que opinam sobre regência de verbos, concordância de nomes, uso de crase e ortografia,sem que se dêem ao trabalho de se dedicar à intrincada tarefa de assimilar as bases da gramática do idioma doméstico. Encaixam-se, portanto, no perfil de ousados corretores que, no afã de corrigirem, extravasam, na verdade, um descaso com o idioma, ao contrário do que pensam exteriorizar: domínio do português. Não é por acaso que, segundo os árabes, "nascemos com dois olhos, dois ouvidos, duas narinas e...uma boca". É para ter mais cuidado no falar...
Com notável propriedade, Theotonio Negrão ("Revista de Processo", 49/83, p.5;) assevera que "o operador do direito que não consegue ter linguagem correta não consegue expressar adequadamente seu pensamento."
Em entrevista ao Jornal do Advogado (OAB), em 8 de junho de 2001, Miguel Reale, ao ser inquirido sobre quais eram os pré-requisitos para o exercício da carreira do advogado, respondeu:
"Em primeiro lugar, saber dizer o direito. Nos concursos feitos para a Magistratura, para o Ministério Público e assim por diante, a maior parte das reprovações são devidas à forma como se escreve. Há uma falha absoluta na capacidade de expressão. Então, o primeiro conselho que dou é aprender a Língua Portuguesa. Em segundo lugar, pensar o Direito como uma ciência que envolve a responsabilidade do advogado por aquilo que diz e defende. Em terceiro lugar, vem o preparo adequado, o conhecimento técnico da matéria."
Como se nota, o desconhecimento do vernáculo torna o advogado um frágil defensor de interesses alheios, não sendo capaz de convencer sobre o que arrazoa, nem postular adequadamente o que intenciona. Pode até mesmo se ver privado de prosseguir na lide, caso elabore uma petição inicial ininteligível ou em dissonância com as normas cultas da língua portuguesa, uma vez que o Código de Processo Civil , no artigo 156, obriga o uso do vernáculo em todos os atos e termos do processo.
Assim, aquele que peticiona deve utilizar uma linguagem castiça, procurando construir um texto balizado em parâmetros que sustentem a boa linguagem. Nos dias atuais, a comunicação humana precisa ser eficiente, devendo o usuário da linguagem estar atento para as virtudes de estilo ou qualidades do léxico de rigor. Os fatores que influem positivamente no processo da comunicação verbal são: a correção gramatical, a concisão, clareza, precisão, naturalidade, originalidade, harmonia. Neste artigo (parte I), detalharemos a "correção gramatical" e a "concisão". Os demais fatores serão expostos oportunamente.
A Correção Gramatical traduz-se na obediência à disciplina gramatical, com respeito às normas lingüísticas. A "correção" deve ser almejada com o uso de uma linguagem escorreita, livre de vícios, formando uma imagem favorável perante os receptores das mensagens. Há, pois, a necessidade de uma linguagem inatacável, quer sob o aspecto técnico-jurídico, quer à luz da própria casticidade do idioma.
Observe algumas equivocidades que denotam o mau uso da correção gramatical:
Na oração "Assim, requer o Autor à Vossa Excelência...", há vício gramatical quanto à crase, uma vez que se deve grafar "Assim, requer o Autor a Vossa Excelência...", sem o sinal grave indicador da contração, uma vez que não há crase antes de pronome de tratamento.

Nesse diapasão, observe a frase: "Arquive-se os autos". O equívoco é palmar, na medida em que o sujeito da oração é "autos", devendo o verbo concordar com o sujeito. Portanto, procedendo à correção: "Arquivem-se os autos."
Observe que não são raras as encruzilhadas, diante das quais tantas vezes param perplexos os usuários da língua portuguesa. No entanto, deve-se tomar cautela, a fim de que a preocupação exagerada com o purismo ou com aquilo que não deve ser dito não sacrifique a espontaneidade, podando a idéia a ser transmitida.
A Concisão é qualidade inerente à objetividade e justeza de sentido no redigir. Como se sabe, falar muito, com prolixidade, é fácil; o difícil e invulgar é falar tudo, com concisão. A sobriedade no expor, traduzindo o sentido retilíneo do pensamento, sem digressões desnecessárias e manifestações supérfluas, representa o ideal na exposição do pensar. Não há como tolerar arrazoados e petições gigantes e repetitivas, vindo de encontro aos interesses perquiridos pelo próprio subscritor do petitório, embora, às vezes, não perceba o resultado.
Portanto, deve-se buscar transmitir o máximo de idéias com o mínimo de palavras, evitando a "enrolação". Pense que, quase sempre, o leitor do seu texto tem pouco tempo e quase nenhuma paciência disponível. A linguagem direta, sem rebuscamentos, comunica melhor.
Segue um retumbante exemplo que denota a falta de concisão do emissor da mensagem:
"Protesta, assim, o reconvinte pela produção de todos os meios de prova permitidos em Direito, sem exceção, especialmente, depoimentos pessoais, por parte da reconvinda, por parte de funcionários, por parte da Autoridade Policial e Investigadores, de vizinhos, de testemunhas outras, da juntada de novos documentos, prova pericial, expedição de ofícios e tantas quantas necessárias no decorrer da instrução processual."
Na verdade, o pedido poderia ter sido simples:
"Protesta, assim, o reconvinte pela produção de todos os meios de prova permitidos em Direito, incluindo depoimentos pessoais, a juntada de novos documentos, provas periciais e outras que se fizerem necessárias."
É mister elucidar que a concisão passa por táticas simples, às vezes imperceptíveis por sua singeleza. Nosso léxico é farto de termos variados. Podemos usar a substituição à vontade, na busca da objetividade da transmissão do pensamento. Nas peças forenses, é comum encontrarmos expressões supérfluas, cuja simples supressão importaria em aperfeiçoamento da frase. Observe o exemplo abaixo:
"O acusado foi citado por edital, por não ter sido encontrado pessoalmente."
Procedendo ao devido "enxugamento frasal", ter-se-ia:
"O acusado foi citado por edital, por não ter sido encontrado."
Na mesma esteira, deve-se evitar o uso excessivo de advérbios de modo. Evite, portanto, "precariamente", "tocantemente", "tangentemente", "editaliciamente". Observe os exemplos:
"Eles foram editaliciamente citados" (Corrigindo: Eles foram citados por edital.); ou "Tangentemente a esse caso, ..." (Corrigindo: No que tange a esse caso,...).
Posto isso, faz-se mister a preservação da boa linguagem, evitando-se distanciar dos postulados acima expendidos, a fim de que possa o causídico alcançar o que se busca: o êxito na arte do convencimento.

Eduardo de Morais Sabbag
Advogado, Palestrante e Conferencista. Professor de Língua Portuguesa e Direito Tributário no Curso Prima/IELF, em São Paulo/SP, Professor de Pós Graduação na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro e no Centro Salesianos em Lorena/SP. Autor das Obras "Elementos de Direito Tributário", " Repertório de Jurisprudência" e " Exames da OAB- Testes e Comentários". Mestrando em Direito Tributário. (www.professorsabbag.com.br)

Fonte: Jornal Carta Forense, Março de 2006.



APENAS A LÍNGUA PORTUGUESA NOS PERMITE ESCREVER ISSO ...

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais.
Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos.
Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir.
Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres.
Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.
Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris.
Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los.
Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas.
Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se.
Profundas privações passou Pedro Paulo.
Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal.
Povo previdente! Pensava Pedro Paulo...
Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses.
"Paris! Paris!" Proferiu Pedro Paulo. Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.
Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província.
Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai.
Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal.
Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu:
- "Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias?"
- "Papai", proferiu Pedro Paulo, "pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal."
Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro!
Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando.
Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus.
Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.
Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito.
Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionaliza Pedro Paulo.
Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos.
Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios.
Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas.
Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando...
Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar...
Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto pararei.

E você ainda se acha o máximo quando consegue dizer:
- "O Rato Roeu a Rica Roupa do Rei de Roma?"



ASPECTOS FORMAIS E GRAMATICAIS DA PETIÇÃO INICIAL.



Erros formais e gramaticais são freqüentes nas petições iniciais e com o objetivo de evitar alguns deles, passamos a indicar algumas orientações importantes.

1. O cabeçalho da petição inicial deve ser escrito sem abreviaturas. É isso que dispõe o art. 169, parágrafo único, do Código de Processo Civil.
2. Não é necessário numerar os parágrafos da petição, contudo, se quiser fazê-lo, use os números romanos para os títulos e os arábicos para os parágrafos.
3. Os nomes de vias e lugares públicos devem ser escritos com letras maiúsculas. Por exemplo: Rua do Ouvidor, Avenida Paulista etc.
4. Os nomes que designam atos das autoridades da República, quando empregados nas petições, correspondências ou documentos oficiais devem ser escritos com letras maiúsculas. Exemplos: Lei n. 8.078/90, Decreto-Lei n. 2.420/88, Portaria etc.
5. Deixe um espaço de 10 cm entre o cabeçalho e a qualificação das partes. Esse espaço serve para o Juiz de Direito registrar algum despacho ou decisão interlocutória.
6. A ação judicial é "proposta" ou "ajuizada", por isso use os verbos "propor" ou "ajuizar". O verbo "interpor" é utilizado para recursos.
7. Os verbos "residir" e "domiciliar" são regidos pela preposição "em". Escreva: "...residente e domiciliado na Rua...".
8. Quando os dois pontos abrem enumeração, esta se inicia com minúscula, por isso, depois da expressão "pelos motivos de fato e de direito abaixo expostos" deve-se usar ponto final e não dois pontos. Pontue corretamente: "...pelos motivos de fato e de direito abaixo expostos."
9. Cuidado com o uso do pronome de tratamento "Vossa Excelência". Este pronome pertence à terceira pessoa e os pronomes possessivos correspondentes são: "seu", "sua", "seus", "suas". Não escreva: "O autor vem a vossa presença". Corrija para: "O autor vem a sua presença" ou "O autor vem à sua presença" com o acento indicativo de crase que, nesse caso, é opcional.

Ao redigir as próximas petições, lembre-se de não cometer esses erros.

Prof. Joseval Martins Viana



PLEONASMO É DOENÇA DE MARKETEIRO ... VAMOS NOS PREVENIR, E COMBATER ESSA DESGRAÇA QUE AMEAÇA NOSSO LINDO IDIOMA !



Frases Errôneas que já estamos acostumados a ouvir!

1- Planos ou projetos para o futuro.
(Você conhece alguém que faz planos para o passado? Só se for o Michael J. Fox no filme "De volta para o Futuro"...)

2- Criar novos empregos.
(Ora, bolas, alguém consegue criar algo velho?)

3- Habitat natural.
(Todo habitat é natural; consulte um dicionário.)

4- Prefeitura Municipal.
(No Brasil, só existe prefeitura nos municípios. Aliás, ainda bem!)

5- Conviver junto.
(É possível conviver separadamente?)

6- Sua autobiografia.
(Se é autobiografia, já é sua.)

7-Sorriso nos lábios.
(Já viu sorriso no umbigo?)

8- Goteira no teto.
(No chão é impossível!)

9- Manter o mesmo time.
(Pode-se manter outro time? Nem o Parreira consegue!)

10- Labaredas de fogo.
(De que mais as labaredas poderiam ser? De água?!)

11- Pequenos detalhes.
(Existem grandes detalhes?)

12- Erário publico.
(O dicionário ensina que erário é o tesouro público, por isso, erário só basta!)

13- Despesas com gastos.
(Despesas e gastos são sinônimos!)

14- Encarar de frente.
(Você conhece alguém que encara de costas ou de lado?)

15- Monopólio exclusivo.
(Ora, pílulas, se é monopólio, já é total ou exclusivo...)

16- Países do mundo.

17- Exultar de alegria.
(Você consegue exultar de tristeza?)

18- Viúva do falecido.
(Até prova em contrário, não pode haver viúva se não houver um falecido)

bottom of page